A poesia entrou na minha vida pelo som da vitrola do meu pai. Todo domingo, antes do almoço, seu Flávio abria uma cerveja “estupidamente gelada”, escolhia um canto sossegado da sala para se acomodar e começava a desfilar seu sagrado repertório musical.
A música que ecoava pela casa era encantada: mantinha o ritmo sereno do dia dedicado à família, ao ócio, às lembranças secretas. O microuniverso em equilíbrio. Mesmo antes de nascer, eu já convivia com versos carregados de paixões desesperadas, vidas mornas, amores perdidos, sentimentos indecifráveis, esperanças, desesperanças, recomeços.
Meu Reverso é uma releitura de mim mesma e de tantas outras mulheres, as que vieram antes de mim e as antes delas.
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