Que satisfação entrar no Palácio do Planalto como convidada, para um evento de Cultura, depois do pesadelo que ocupou esse prédio durante quatro anos.
A cerimônia de lançamento do Prêmio Carolina Maria de Jesus de Literatura Produzida por Mulheres 2023, foi no dia cinco de abril e contou com a presença de várias autoridades do Governo, do Legislativo, escritores e produtores literários.
A premiação é uma oportunidade de ouro para visibilizar a produção de escritoras brasileiras, especialmente das autoras negras e indígenas, ainda tão alijadas no mercado editorial e pouco divulgadas nas mídias.
O edital prevê a seleção de 40 obras dos diversos estilos da literatura e prêmio no valor de R$ 50 mil para cada uma das vencedoras. Vamos lá tentar, né.
E que honra conhece e abraçar a professora Vera Eunice de Jesus, filha da grande escritora homenageada do evento, a mineira Carolina Maria de Jesus, que produziu uma das obras mais importante da literatura brasileira, o diário Quarto de Despejo, lançado em 1960. A obra foi traduzida para treze idiomas e vendida em 40 países.
Mulher negra, mãe solteira de três filhos, moradora da favela do Canindé, em São Paulo, Carolina tirava o sustento da família como catadora de objetos recicláveis. Várias páginas do seu livro foram escritas durante as caminhadas pelo centro da cidade, à lápis e em pedaços de papéis.
Emocionada, Vera Eunice recordou que por muitas noites suas costas serviram de apoio para que a mãe conseguisse escrever em cadernos até alta madrugada, à luz de vela. Ato de troca, amor e cumplicidade que perdurou até seus 18 anos de idade. Hoje Vera Eunice se dedica a preservar e divulgar o legado de sua mãe, Carolina Maria de Jesus.
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