Beijo no coração e afins

Crônica

É verdade, não saio por aí anunciando a minha idade, mas também não me importo revelar a quem me pergunta. Tenho idade suficiente para me permitir certas ousadias, em atos ou palavras. Para escolher onde ir e com quem andar. Gargalhar ou chorar por quem e onde me der vontade. Já passei da segunda metade da expectativa média de vida do brasileiro, não tenho mais tempo a perder. E se perco tempo, é por opção, não por imposição.

Quero ser feliz todos os dias. O que é impossível. Não me importo com dias mornos, eles ajudam a equilibrar a carga dos excessos. Fico braba mesmo é quando estragam o meu dia com frases infelizes; interferem em minhas horas com problemas que não são meus; entram atropelando a minha paz e espalhando cacos de vidro no meu caminho.

Me peguei fazendo uma lista de coisas que me provocam antipatia ALFA. Nada, claro, que eu vá proibir de fazerem na minha frente (quem sou eu) ou vou romper amizades. Pelo menos de minha parte. Ando meio ressabiada depois que um grupo de amigos rompeu comigo, sem dizer adeus, desde que abri meu voto para a presidência da República. Fazer o quê?

São gestos e atitudes que acho bobos, tiram o meu sossego, despertam gatilhos.

Vamos lá (**contém ironia):

- Quem toca guitarra invisível

- Quem faz coração com os dedos

- Quem manda "beijo no coração" meloso

- Rastro de perfume em mim depois do abraço

- Quem come de boca aberta

- Ser ignorada por vendedores e garçons

- Quem faz bolinhas com miolo de pão (minha mãe fazia)

- Começar uma conversa com: "Então..."

- "Te ligo". Mentira!

- Sinal de "joinha" com o dedão nas fotos

- Homem com pulseira dourada

- Homem com sapatos bicudos

- Mulher com sobrancelha grossa tatuada

- Mulher com unhas floridas de acrílico

- Comida fria

- Espumante quente

E mais um trilhão de picuinhas que com vigor e, reconheço, não me levam a nada. Rabugices. Em compensação, a lista do que me dá prazer ao ver, ouvir, sentir, tocar... É imensamente maior, incalculável e certos itens, inconfessáveis.